terça-feira, 5 de abril de 2011

“Compro, logo existo”: ensaio sobre a atual sociedade capitalista de consumo


O mundo vive hoje uma revolução incessante tanto em seus meios de produção, quanto nos meios de comunicação, que consequentemente influencia na divulgação de notícias. Tal revolução está associada intrinsecamente às novas orientações do sistema capitalista.
A globalização, cujo ritmo se acelera constantemente, trouxe facilidade de acesso à população de informação, novos equipamentos técnicos, que contribuíram para proporcionar mais conforto à população, entretanto as desigualdades sociais cada vez mais se acentuam no mundo, fruto da abolição de fronteiras, tais como tráfico de drogas, comércio ilegal de armas, violação do meio ambiente, etc. O índice de criminalidade tem influenciado  substancialmente no aumento das más notícias que chegam até nós num ritmo  acelerado.  Danos ecológicos não conhecem fronteiras entre países.
Destarte, surge em meados da década de 60 a denominada Revolução Verde com o intuito de aumentar a produção agrícola no mundo por meio de melhorias genéticas em sementes, fertilização do solo, utilização de agrotóxicos e mecanização do campo, tais inovações tecnológicas proporcionam aumento significativo da produção de alimentos, paradoxalmente a fome ainda não foi erradicada do mundo, apesar da quantidade de alimentos produzidos atualmente seja suficiente para atender toda a população mundial. 
A saúde pública torna-se uma questão crucial e de difícil resolução na medida em que vem aumentando a população mundial, o desemprego e consequentemente a diminuição dos salários.  Assim sendo, muitos setores, como a saúde pública acabam ficando prejudicados, pois há um número grande de pessoas com condições de vida precárias que dependem desse serviço.
Contraditoriamente, a expectativa de vida da população mundial vem aumentando. No Brasil, por exemplo, de acordo com dados do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística , em 2003, a expectativa de vida do brasileiro subiu para 71,3 anos.  Esse aumento na expectativa se deve pela melhoria na qualidade medico sanitária da população em virtude do processo de urbanização, diminuição na mortalidade infantil.
Surge por outro lado, ainda com o processo de globalização o consumismo exacerbado.  A tecnologia se torna cada vez mais intrigante, tentadora e seduz ao consumismo.
De tal modo, definir o processo de globalização como catástrofe ou progresso é complexo.  A globalização é por um lado positiva para o mundo, conforme diversos exemplos acima citados, visto que não se pode deixar de levar em consideração as benesses com os desenvolvimentos, evoluções, descobertas na medicina, curas, progresso pelo fato de adquirir riquezas, melhoria de vida da população, dentre outros, mas por outro lado, ela possui seu lado negativo na medida em que a globalização associada ao capitalismo no estágio atual estão tornando o homem escravo de si mesmo.
Enquanto existem pessoas que ainda passam fome, outras fazem negócios via internet. O aumento da tecnologia, do consumo desenfreado, do processo de globalização, estão prejudicando cada vez mais o planeta e as conseqüências estão cada vez mais visíveis.  Mudanças climáticas por causa do aumento de poluentes emitidos na atmosfera, diminuição na camada de ozônio pela emissão de gases, biodiversidade extinta, desmatamentos, uso exacerbado dos recursos hídricos naturais, aumento do consumo e maior produção do lixo orgânico. Mercantilização dos modos de vida, exacerbação dos gastos pelas novidades.
E o pior é pensar numa solução para tal questão. Soluções práticas, rápidas são inexistentes, talvez podemos pensar em programas mais eficazes de reciclagem, mudança na política pública de educação, melhoria na política pública de saúde, ou radicalmente uma reforma no sistema capitalista. 
            Por fim, cabe mencionar o exposto por Lipovetstky, em seu livro “A felicidade paradoxal”:
No quadro de uma problemática `dispersa`, não é tanto o próprio consumismo que compete denunciar, mas sua excrescência ou seu imperialismo constituindo obstáculo ao desenvolvimento da diversidade das potencialidade humanas. Assim, a sociedade hipermercantil deve ser corrigida e enquadrada em vez de posta no pelourinho. Nem tudo é para ser rejeitado, muito é para ser ajustado e reequilibrado afim de que a ordem tentacular do hiperconsumismo não esmague a multiplicidade dos horizontes da vida. Neste domínio, nada está dado, tudo está por inventar e construir, sem modelo garantido. Tarefa árdua, necessariamente incerta e sem fim, a conquista da felicidade não pode ter prazo.

(texto: a felicidade paradoxal. Ensaio sobre a sociedade de hiperconsumo. Autor: Lipovetstky, Gilles; tradução Maria ´Lúcia Machado – São Paulo: Companhia das Letras, 2007. )

Para o autor enquanto o cotidiano das pessoas for dominado por esta lógica capitalista a sociedade de consumo prosseguirá. Essa mudança não se resume na renuncia de bens materiais, mas sim na concepção de novos valores sociais. E isto se dá através de uma reforma substancial nos modelos de educação existentes atualmente, que permita aos indivíduos entrar sua própria identidade.

Um comentário:

  1. A felicidade Paradoxal: "por um acaso tive a sorte de encontrar este livro e comecei a folhear, aparentemente livro muito polêmico. Nele o autor se dedica a estudar o universo do consumo e o comportamento do ser humano a partir do fenômeno globalização. Vale a pena de se ler."

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